O feijão
é um ingrediente de receitas saborosas, mas causou grande transtorno quando foi
encontrado por um usuário brasiliense em um pote de Oxycontin. Este medicamento
é um opióide que atua como analgésico com ação semelhante à da morfina. Ou
seja, é um medicamento indicado para o tratamento de dores moderadas a severas.
A oxicodona, princípio ativo do Oxycontin, é considerada substância controlada,
e a possibilidade de causar dependência ou vício são comparável a da morfina. Desta
forma, o vício, a dependência física e a tolerância poderão desenvolver-se com
o uso prolongado desse medicamento.
Em 26 de agosto,
a Ouvidoria recebeu a denúncia 651672, na qual o demandante de Sobradinho/DF
relatava ter encontrado grãos de feijão dentro da embalagem do Oxycontin. Segue
demanda:
“REMÉDIO
OXYCONTIN 10MG FRAUDADO
Em
25.08 aconteceu uma coisa que me deixou em choque!
Fui
comprar o remédio Oxycontin 10mg para que minha mãe consiga superar as dores
que vem sentindo - é um analgésico fortíssimo, derivado do ópio, com retenção
de receita e bastante caro.
Peguei,
paguei e fui embora. Chegando em casa, abri a embalagem com a ajuda da chave do
carro (assim não posso dizer se o lacre da caixa estava ok ou não, já que a
chave facilita) e abri o pote. Percebi que o lacre do pote estava rompido - até
passeio o dedo pela tampa para ver se tinha algo cortante que ao girar a tampa
já cortava o lacre. Fiquei ressabiada. Achei estranho ter tão pouco conteúdo.
Coloquei num pratinho e contei 24 CAROÇOS DE FEIJÃO.
Voltei
imediatamente à farmácia para mostrar o absurdo. E ainda tive que receber caras
e indiretas sobre a veracidade do fato de eu ter encontrado CAROÇOS DE FEIJÃO
num pote de remédio que custa mais de 200 reais.
O
gerente liga para alguns lugares, sai para falar reservadamente; o atendente,
após meu questionamento, diz que provavelmente vamos sim resolver isso na
delegacia e por aí vai.
Até
que o gerente desliga, entra e diz com jeito todo superior: "Vamos abrir
outra caixa e ver se tem feijão também".
Ele
abriu e... TINHA! Confesso que fiquei com gostinho bom de "eu te
disse"!
Esta
segunda caixa poupou um monte de stress - não tô nem a fim de ter mais dor de
cabeça, então peguei meu dinheiro e fui embora.
Além
de compartilhar o fato em redes sociais como alerta a amigos e parentes, venho
fazer esta denuncia na Anvisa para que os órgãos de controle tomem providências
para que o fato não aconteça mais.
Tenho
foto da embalagem e os feijões, a receita que havia sido retida e devolvida e a
NF.
Obrigada”
O ocorrido foi relatado em
reportagem do Correio Braziliense, em 28/08/2015.
Demanda muito
semelhante já passou pela Ouvidoria exatamente há um ano, com cadastro em 14 de
agosto de 2014, advinda do Rio de Janeiro/RJ sob o nº 602360:
“Embalagem violada
Em 27 de julho/2014, num domingo chuvoso e
frio , tomei um ônibus e dirigi-me a Drogaria XWY no início da Rua XXX, para comprar o remédio Oxycontin, do qual faço uso constante para
aliviar as intensas dores que sinto em razão de enfermidade.
O medicamento em tela custou R$ 341,98
conforme NF C00: 599195 de 27/07/2014, com 30 comprimidos. Apesar do alto custo
eu estava aliviada por tê-lo comprado, haja vista estar sofrendo dores
insuportáveis há alguns dias. Não via a hora de chegar a casa (em Água Santa) e
tomá-lo para finalmente ficar sem dor. Contudo, qual não foi a minha infeliz
surpresa ao abrir a embalagem do remédio e constatar que mesma estava violada,
com apenas 13 objetos dentro, digo objetos porque o que havia dentro da
embalagem não era o remédio que costumo tomar. Eu estava com tanta dor, tão
desesperada para tomar o remédio que, se a quantidade encontrada fosse
semelhante a que consta do rótulo, eu teria tomado “aquilo” acreditando que a
minha dor cessaria... ou seja, fui exposta à perigo real, pois quase ingeri
algo que poderia me causar maior dano.
Incontinenti, nervosa e desesperada, tomei outra condução, frise-se, naquele
dia chuvoso e frio, o que sensivelmente aumenta as dores de quem já as tem, e
voltei a Drogaria, pedi para falar com o gerente, queria a meu dinheiro
de volta, ou a troca do remédio, expliquei que o frasco estava violado e
novamente, para minha infeliz surpresa, ouvi do funcionário que isso já
aconteceu. Que algumas pessoas compram o remédio, retiram o seu conteúdo,
colocam qualquer coisa dentro e conseguem devolvê-lo. Não entrarei nesse
pormenor, não sei se a culpa é da farmácia, do distribuidor, do fabricante...
Mas fato é que fiquei por mais de 2 (duas horas, dentro da farmácia aguardando
a troca do remédio, que veio da zona sul.
Importante salientar que eu estava com muito mais dor do que no início da
manhã, visto que exposta ao frio e chuva, tensa com todo o desenrolar da
situação e também em função da longa espera.
Ora, ninguém compra um remédio caro como esse se realmente não precisar muito.
Eu me senti muito CONSTRANGIDA com toda essa situação e quero registrar, minha
INDIGNAÇÃO quanto a situação sofrida.
Aguardo o retorno, pois esse incidente não pode ser considerado corriqueiro,
isso requer, no mínimo, mais vigilância de todo o procedimento até o remédio
chegar ao seu destinatário final, o cliente.”
As duas
demandas foram encaminhadas à área de fiscalização da Anvisa (GFISC/GGFIS) para
conhecimento e averiguações. Foi aberto um dossiê na área para apuração das
irregularidades e acompanhamento de novos casos. A GFISC afirma que este tipo
de medicamento é muito visado por traficantes de medicamentos, por se tratar de
um forte opiáceo. Por outro lado, comprovar a origem desses objetos estranhos
dentro das embalagens é muito difícil, pois a violação da embalagem original
pode advir da fábrica, do distribuidor ou, até mesmo, da farmácia onde o
consumidor adquiriu o medicamento.
A empresa já
aprovou junto à Anvisa a alteração na embalagem de seu produto com a aplicação de um selo de
segurança, a fim de dificultar a violação do lacre e adulteração do
medicamento.
Uma nota
técnica a ser publicada no portal da Anvisa está sendo preparada pela Gerência
de Fiscalização (GFISC) a fim de alertar os consumidores sobre a eventualidade
desse problema e a forma como está sendo monitorado o caso.