Ø “Se
ele pode matar, então não pode nascer!”
O aedes aegypti, conhecido transmissor da
dengue, tem se mostrado eficiente vetor de outras doenças tão perigosas quanto:
febre amarela, zika e chikungunya. O mosquito, cujo nome significa “odioso do
Egito”, está bem adaptado a zonas urbanas, mais precisamente ao domicílio
humano, onde consegue reproduzir-se e pôr os seus ovos em pequenas quantidades
de água limpa, e que preferivelmente estejam sombreadas.
A preocupação
quanto à proliferação do aedes
cresceu nos últimos dias devido à associação da zika com o aumento do número de
casos microcefalia, especialmente na região Nordeste do país. Até 28 de
novembro de 2015, foram notificados 1.248 casos suspeitos de microcefalia,
identificados em 311 municípios de 14 unidades da federação, de acordo com a
terceira edição do informe epidemiológico sobre microcefalia, divulgado nesta
segunda-feira (30).
Demandas como a exemplificada abaixo, retratam a principal dúvida de gestantes
no momento:
“Bom Dia!
Sou Educadora em Saúde
Pública, atuo na Vigilância Epidemiológica de Itararé-SP e necessito de uma
informação, a qual não estou conseguindo obter com propriedade, de nenhum
órgão.
Quero saber se os
repelentes utilizados no estado de São Paulo, os aprovandos pela anvisa, todos
são indicados para prevenir a picada do Aedes Aegypti, transmissor da Dengue, ou apenas o que
contem Icaridina é o que funciona?
Necessito de uma resposta
o mais rápido que lhes for possível, pois estou com sérios problemas de
questionamentos quanto a isso!
Aguardo,
Grata,”
No mês de
Novembro, além de 12 (doze) denúncias de focos de proliferação do aedes aegypti, a Ouvidoria acolheu uma
demanda questionando a qualidade dos repelentes comercializados, e outra,
expondo a preocupação quanto à transmissão de zika em Jundiaí/SP. Neste
sentido, é também atribuição da Ouvidoria da Anvisa promover a educação
sanitária e orientar a população as melhores formas de se proteger do mosquito.
Considerando
que microcefalia está relacionada com a infecção pelo vírus Zika, a Anvisa
recomenda às gestantes e mulheres em idade fértil, com possibilidade de
engravidar, medidas de proteção pessoal, para minimizar a exposição aos
mosquitos. E para se prevenir, uma das opções é o uso de produtos repelentes de
uso tópico, que podem ser aplicados diretamente na pele. Mas é importante
verificar se o produto está registrado na Anvisa e seguir as instruções de uso
descritas no rótulo. A consulta de cosméticos repelentes regularizados pode ser
feita pelo endereço: http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/Consulta_Produto/consulta_cosmetico.asp.
Assim, todos os repelentes regularizados na Anvisa são seguros tanto para
adultos em geral, quanto para as gestantes.
Estudos
conduzidos em humanos, durante o segundo e o terceiro trimestre de gestação, e
em animais, durante o primeiro trimestre, indicam que o uso tópico de
repelentes a base de n,n-Dietil-meta-toluamida (DEET) por gestantes é seguro, entretanto,
não devem ser usados em crianças menores de 2 anos.
Os
inseticidas “naturais” à base de citronela, andiroba, óleo de cravo, entre
outros, não possuem comprovação de eficácia nem a aprovação pela ANVISA até o
momento. Os produtos que se encontram atualmente regularizados na ANVISA com
tais componentes possuem sempre outra substância como princípio ativo.
Portanto, todos os produtos apregoados como “naturais”, comumente
comercializados como velas, odorizantes de ambientes, limpadores e os incensos,
que indicam propriedades repelentes de insetos não estão aprovados pela Agência
e estão irregulares.
Neste
momento, o Ministério da Saúde reforça às gestantes que não usem medicamentos
não prescritos pelos profissionais de saúde e que façam um pré-natal
qualificado e todos os exames previstos nesta fase, além de relatarem aos
profissionais de saúde qualquer alteração que perceberem durante a gestação. Também
é importante que elas reforcem as medidas de prevenção ao mosquito aedes aegypti, com o uso de repelentes
indicados para o período de gestação, uso de roupas de manga comprida e todas
as outras medidas para evitar o contato com mosquitos, além de evitar o acúmulo
de água parada em casa ou no trabalho.
Uma das
atribuições da Vigilância Sanitária local junto à população é a inspeção
sanitária. Por meio dela, é possível identificar potenciais focos de
proliferação do mosquito transmissor; adotar medidas educativas e/ou legais,
caso haja constatação de irregularidade; comunicar situações de risco às
coordenações do programa local de controle, para que haja medidas mais
eficazes; e acompanhar irregularidades relatadas por denúncias.
Cabe ao
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), como integrante do Sistema
Único de Saúde, a execução de ações para o controle da dengue, chikungunya e
zika, por meio de seus agentes e parceiros. O governo federal investiu, nos
últimos quatro anos, R$ 5 bilhões em ações de vigilância epidemiológica.
Somente em 2014, o Ministério da Saúde repassou R$ 150 milhões a estados e
municípios brasileiros para ações de prevenção, melhoria da assistência e
contingência da dengue – R$ 121,8 milhões foram repassados às secretarias
municipais de saúde e R$ 28,2 milhões às secretarias estaduais.